Pôr fim <br>à política de austeridade
Centenas de pessoas participaram domingo, 21, no Jardim Público da Covilhã, no comício-festa da CDU, que contou com a presença de Jerónimo de Sousa.
«Muito do nosso futuro colectivo pode ser decidido»
Os problemas dos trabalhadores e do povo do distrito de Castelo Branco e as soluções da Coligação PCP-PEV, como proposta alternativa à política de direita prosseguida pelo PSD/CDS e PS, foram o mote das intervenções do Secretário-geral do PCP, de Mónica Ramôa, primeira candidata pelo círculo eleitoral de Castelo Branco, e de Miguel Martins, da Comissão Executiva do Partido Ecologista «Os Verdes». O comício, apresentado pela independente Cristina Vieira, docente da Universidade da Beira Interior (UBI), contou ainda com a presença de Alexandre Araújo e de Patrícia Machado, respectivamente, do Secretariado e da Comissão Política do PCP.
Referindo-se às próximas eleições legislativas, Jerónimo de Sousa começou por afirmar que o povo português tem «uma oportunidade para mudar» e «fazer o seu julgamento», olhando «para as suas vidas» e «para a realidade», de forma a «poder decidir, votando em quem está do seu lado» e «não em quem lhes inferniza a vida». «Muito do nosso futuro colectivo pode ser decidido», salientou, antevendo «um rebobinar do filme, como vimos há quatro anos, das promessas por parte do PSD, do CDS e do PS», que «nunca foram cumpridas».
O Secretário-geral do PCP contrariou ainda a ideia, imposta pelos mesmos partidos da política de direita, «de que a situação vai voltar à normalidade» e que os portugueses «vão recuperar o que perderam».
Como exemplo –, depois de lembrar que o memorando da troika visava impedir a «bancarrota» e que hoje «temos mais dívida» do que na altura – informou que até 2020 «vamos ter que pagar 60 mil milhões de euros» de serviço da dívida, montante que daria «para resolver todos os grandes problemas deste distrito, no plano económico e social». Avançou ainda com outros números inquietantes: «liquidação de 400 mil postos de trabalho nos últimos quatro anos» e «mais de 700 mil portugueses em risco de pobreza, a juntar ao milhão que já existe».
Na sua intervenção, alertou, de igual forma, para a «continuação da política de sacrifícios, de aumento da exploração e do empobrecimento», com a coligação PSD/CDS a dizer que é preciso, entre outras medidas, cortar mais 600 milhões de euros na Segurança Social, ou seja, nas pensões, nas reformas e na protecção social, e o PS a defender o aumento da idade da reforma e o congelamento das reformas e das pensões por mais quatro anos, apesar do aumento do custo de vida.
É preciso crescer
Considerando que este é o momento de viragem, o Secretário-geral do PCP defendeu a renegociação da dívida e a eliminação da parte ilegítima. «É preciso ir ter com os credores e dizer-lhes que precisamos de crescer, de desenvolvimento, de ter o País a produzir», afirmou, avançando com «outro elemento estratégico», que passa por «aumentar o aparelho produtivo».
Na Covilhã, Jerónimo de Sousa referiu-se ainda ao que está a acontecer na Grécia, «onde o povo foi profundamente fustigado com cortes nos salários, nas pensões, nos direitos». «A União Europeia está determinada em servir os interesses do grande capital económico e financeiro, que é dirigido por um directório de potências que quer obrigar povos e países a vergarem, a abdicar da sua independência, da sua soberania, a ajoelharem-se. É isto que também está a acontecer na Grécia», acentuou, manifestando solidariedade para com os trabalhadores e o povo grego, que «tal como nós tem direito à independência nacional, a uma vida melhor e mais digna».
É urgente votar na CDU
Por seu lado, Mónica Ramôa alertou para o aprofundamento do «fosso entre o interior e o litoral», registando o distrito de Castelo Branco um dos maiores índices de envelhecimento, de falta de emprego e uma das taxas de desemprego mais difíceis de inverter. Ali, denunciou a candidata, «quem trabalha ganha apenas 77 por cento da média nacional [trabalhadores por contra de outrem]».
Mónica Ramôa criticou ainda a introdução de portagens nas auto-estradas, «das mais caras do País», assim como o encerramento de vários serviços públicos: estações dos CTT, tribunais, serviços de Finanças, postos da GNR, infantários e escolas, serviços de saúde. Também «o Poder Local ficou mais longe dos beirões», acrescentou, lembrando que «foram abatidas dezenas de freguesias (...) com os votos dos deputados do PSD e do CDS na Assembleia da República». «Nesta terra somos cada vez menos. O despovoamento sente-se no nosso distrito de uma forma aguda e dolorosa. Em muitos locais, olhamos à volta e não encontramos ninguém», lamentou a candidata.
Quase a terminar, Mónica Ramôa sublinhou que «Castelo Branco é um distrito rico e com potencial», não havendo «nenhuma razão para que esteja a ser esmagado por estas políticas injustas, levadas a cabo pelos sucessivos e contínuos governos do PSD, CDS e PS». «É necessário votar diferente, é urgente votar na CDU que sempre deu provas de trabalho, honestidade e competência», afirmou.
Ambiente
Miguel Martins dirigiu a sua intervenção para a área do ambiente e da sustentabilidade económica, tendo defendido uma política «não submetida a interesses económicos, mas sim ao interesse público», que «imponha a presença e transversalidade do ambiente aos demais sectores da tutela governativa», «garanta financiamento, quer preventivo, quer produtivo, direccionado para a valorização do ambiente e do território» e «promova uma real participação das populações nas decisões ambientais».
Neste sentido, sublinhou o dirigente do PEV, «é urgente uma alternativa que ponha fim a esta política de austeridade, devolva a dignidade ao nosso povo e a soberania ao País, promova o desenvolvimento e a qualidade de vida», o que passa pela CDU e pelo seu reforço nas próximas eleições legislativas.